Publicado em 19/07/2023
O que fazer quando temos uma pessoa com autismo em sala de aula?
Muitas vezes, quando a/o docente possui uma pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na sua sala de aula, ela/e se sente perdido sem saber o que fazer. Essa mesma situação ocorre com outros profissionais da escola envolvidos no processo de ensino-aprendizagem (como coordenadoras/es, secretaria, funcionárias/os da limpeza etc.).
Além disto, há também o caso daquela/e estudante que possui sinais de TEA (dificuldade para interagir socialmente, dificuldade na comunicação e alterações comportamentais), mas não possui o diagnóstico, devendo a escola informar a família e direcionar para profissionais (psicóloga/o, psiquiatra, entre outros) que encaminharão esta/e estudante.
Agora pensando em uma criança que já possua o diagnóstico, fica um outro questionamento: qual a conduta da comunidade escolar frente a uma criança com TEA? Quais os procedimentos?
O primeiro é conhecer a/o estudante. O TEA aborda um espectro de autismo, portanto, uma grande variedade pessoas com autismo. Existem diferentes níveis de interação social, comunicação, comportamentos (restritivos, repetitivos), além de outras integrações que podem ocorrer como Deficiência Intelectual (DI), deficiência de linguagem e outras desordens de neurodesenvolvimento e comportamentais. Logo, precisamos conhecer a/o estudante para entender quais as reais dificuldades que ela/e apresenta, não vindo com “receitas prontas”, baseadas em preconceitos ou estereótipos.
Falando em estereótipos, há alguns que devemos romper, como: toda pessoa com TEA possui altas habilidades, pois somente uma parte apresenta esta característica; que toda pessoa com TEA possui alguma DI (somente 30%-40% apresentam DI integrados ao TEA); que fazem movimentos repetitivos; possuem sensibilidade em um ou mais sentidos; vivem em um mundo próprio; não se relacionam socialmente ou afetivamente, e, principalmente, que a pessoa com TEA vai se curar e ter um comportamento típico. Apesar de uma parcela grande apresentar alguns destes sintomas, nem toda pessoa com TEA os apresenta. Então, devemos evitar generalizações de estudantes autistas.
Após conhecer a/o estudante, você saberá os seus potenciais e as suas limitações. A escola precisará trabalhar de forma integrada com a família desta criança e com outros profissionais que atuam junto a esta criança, como psicólogas/os, fisioterapeutas, fonoaudiólogas/os, psiquiatras, entre outros. Esses profissionais podem auxiliar nas condutas a serem tomadas com a/o estudante e precisarão do retorno por parte da escola, da efetividade das ações realizadas.
O envolvimento com a família também é fundamental, pois além da continuidade dos tratamentos, a família é fator decisivo no desenvolvimento socioeducacional da criança, e as intervenções propostas para o desenvolvimento da pessoa com TEA devem ser mantidas em todos os ambientes. A inclusão da pessoa com autismo se inicia em casa, com a família motivando, compreendendo e tendo empatia para as necessidades desta pessoa, dando seu apoio consistente.
Outro item extremamente importante que a comunidade escolar precisa lidar com um/a estudante autista, é tomar cuidado com expectativas baseadas em pessoas típicas. A pessoa com TEA possui um tempo diferenciado e uma forma diferente de pensar. Muitas vezes, são propostas atividades que envolvem uma forma de resolução que não se enquadram em pessoas com TEA.
Um bom exemplo foi a resposta de Donald Triplett, criança com autismo, na década de 1930, ao ser questionado sobre a subtração 10 – 4 e deu como resposta que iria desenhar um hexágono. Se pensarmos que 10 – 4 é igual a 6 e que o hexágono possui 6 lados, logo entendemos que Donald, acertou, mas seu pensamento era em imagens.
Para entender mais sobre a/o estudante com TEA e verificar como ajudá-lo/a em sala de aula, assista a Live disponível no Canal do YouTube da editora IBEP, na qual abordamos o conceito de TEA e apresentamos estratégias de aprendizagem para pessoas com Autismo.
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