Publicado em 30/03/2023
Christiane Angelotti *
Afinal, o que é melhor: ler ou contar histórias para crianças? Será que é válida a leitura de um livro para crianças bem pequenas?
As duas práticas são extremamente importantes para o desenvolvimento infantil e apresentam diferentes formas de se trabalhar a linguagem. Cada qual tem sua relevância e, na medida do possível, devem estar presentes desde cedo na vida da criança.
Por que ler?
Ao ler um livro para a criança, o adulto mediador de leitura valoriza o suporte físico enquanto objeto portador de histórias, que é decodificado por meio da leitura e esta, por sua vez, é a forma como obtemos o conhecimento do registro gráfico. Ao ler um livro o leitor realiza a leitura da forma como está escrita, fiel ao que o autor escreveu, respeitando pausas, vocabulário e a partir da leitura o texto será interpretado pela criança-ouvinte.
Esse é um momento no qual a criança enxerga o adulto enquanto leitor, observando sua postura e o manuseio das páginas, a hierarquia visual no qual a leitura é realizada – de cima para baixo e da esquerda para a direita. A entonação de voz utilizada e a percepção das ilustrações contidas no livro também são aspectos fundamentais para que a criança desenvolva sua postura leitora, mesmo antes de aprender a ler.
O encantamento do adulto pela história lida também é compartilhado e percebido pela criança, ajudando a estimular seu interesse pelo livro.
Por que contar histórias?
Contar histórias faz parte da tradição oral. É um exercício de improvisação, no qual quem conta atua como instrumento da narrativa e empresta sua voz para a história. Essa prática requer interação e contato visual direto com a criança, possibilitando o uso de vários recursos expressivos, mesclando as linguagens oral e corporal, a dramaticidade dos gestos e da própria voz.
O objetivo do momento de contação garante ao contador a liberdade de fazer escolhas, de recontar histórias conhecidas, reinventar conflitos e exagerar – ou até suprimir – características das personagens. O contador pode ajustar a narrativa ao seu público. Há um processo de interpretação de quem conta, fazendo a ponte entre o leitor e o autor da história. A história ganha vida de acordo com a interpretação do contador.
Para a formação do leitor é interessante o contato com as duas formas de se conhecer uma história, pois cada uma reforça diferentes aspectos.
A leitura, além de forma de lazer, de prazer, é meio para de aquisição de conhecimento, de enriquecimento cultural, de conhecimento do mundo e de interação social. Contar histórias proporciona grande encantamento, estimulando tanto a criatividade de quem conta quanto a imaginação e a fantasia de quem ouve, seja ele criança ou adulto.
* Christiane Angelotti é escritora, editora especialista em literatura infantojuvenil e livros de educação.
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